Sobre os últimos dias que passaram e sobre a esperança para os que virão.

     Olá.

     Eu não sei por onde começar... Tenho pensado em tantas coisas nos últimos dias - digo, desde o último post e etc -, que foi difícil escolher o que escrever hoje. Meus posts já costumam ser grandes sem eu ter muito o que dizer, e a coisa só piora quando eu tenho o que escrever, mesmo que não passem de pensamentos que talvez ninguém se interesse. Aqui é como minha casa desde 2009, então, aos poucos eu tenho deixado de filtrar o que digo e apenas... Apenas escrevo o que quero. Mas ok... Vamos começar o longo "monólogo" - eu sei que há muitas pessoas lendo, por isso as aspas...

     Desde o meu último... Treco? Enfim... Desde aquele episódio, eu venho comendo como se não houvesse amanhã. Não por ter desistido das dietas ou do meu objetivo de ser menos gorda, mas sim por compulsão mesmo. Quem sofre de compulsões sabe como é... Você não come muito por apenas querer, por apenas "enfiar o pé na jaca", por apenas "vontade de um docinho". Você come por um impulso incontrolável, que mesmo que você premedite como irá acontecer (já explicarei isso melhor), você não tem controle na hora de comer. Você come até ficar empanturrada. E não. Não é um empanturramento psicológico. "Comi 2 coxinhas e estou passando mal". Não meus amores... É algo como - e agora vem o tópico onde explico sobre a premeditação, mesmo diante de uma compulsão -, é algo como a seguinte situação: você acaba de acordar, vai até o mercado - desarrumada e parecendo uma louca mesmo -, já pensando em comprar TUDO que tiver vontade. TUDO MESMO. Você nem curte creme de avelã, mas ainda assim compra o maior pote exposto no balcão: aquele de 750 gramas. "É quase 1 quilo de creme de avelã", diz a parte mais sensata de si, mas seu lado compulsivo não está nem aí... Afinal, quanto maior, melhor! E agora, você aproveita que no mercado também tem uma espécie de banca de pastel (desses pastéis bem gordurosos, iguais aos comprados na feira) e pede DOIS, sabor palmito com Catupiry, seu preferido e que você não come já faz um tempo. Vê no cartaz que eles também vendem caldo de cana! "Igual ao que o meu pai comprava para mim quando eu era criança... Ele ainda deve gostar bastante de caldo de cana.", você pensa, apegada a uma das poucas lembranças de momentos marcantes com seu pai e sem ter muita certeza dos atuais gostos dele, pois já não fala com o homem faz um tempo, e quando fala é tudo muito superficial para se conhecerem hoje em dia. Com o pote de avelã, os pastéis e o caldo de cana na cesta do mercado, você se dirige para a parte de congelados. Compra uma caixa de nuggets, já sabendo que vai comer a caixa inteira, compra mais dois hamburgueres (ou "hamburgues" para os americanizados), daqueles congelados (tipo Hot Pocket) e segue para a parte de salgadinhos. Compra um Doritos, do maior que há disponível, obviamente. Compra mais algumas coisas, principalmente um maço de cigarro, que você diz que vai largar toda vez que um acaba. Sua compra dá mais de 110 reais, e mesmo desempregada, você gasta o dinheiro que ainda possui na conta com um prazer quase orgástico. Volta para casa e, em resumo, come tudo isso e ainda prepara uma tortilha (dessas da marca Rap10) e recheia com dois ovos mexidos, requeijão, patê de frango, ketchup... Você prepara e come tudo, na frente do computador, enquanto assiste alguns vídeos (de canais nos quais nem inscrita é) no Youtube que te revoltam, de mulheres gordas, que se autodenominam "empoderadas" e "militantes" - como se em 2019 isso fosse elogio -, e percebe o quão hipócrita soa os argumentos e discursos dessas mulheres. Mas não comenta em nenhum vídeo, afinal, não gosta de se envolver em discussões, nem virtualmente...

          Agora que desenhei bem o quadro da compulsão - que comigo, se repetiria por mais alguns dias -, posso partir para o outro tópico que já iniciei: mulheres gordas, empoderamento e militância. Odeio tudo isso. ODEIO. Sinto muito se estiver ofendendo alguém, pois minhas intenções ao contar-lhes o que penso não é essa. Não é mesmo! Mas, voltando ao que EU penso... Acho hipócrita que tais mulheres preguem amor próprio e achem bonito pousarem nuas, com sua autoconfiança tão enorme quanto as próprias banhas saltando nas fotos, enquanto apontam o dedo na cara de mulheres magras que também pousam nuas e com ossos tão aparentes quanto o próprio ego nas fotos, que tais mulheres gordas digam que "tais fotos servem de gatilho para que outras pessoas desenvolvam distúrbios alimentares". Elas pregam que você se ame, mas se for magra, por favor! Não mostre sua magreza para os outros, pois só os gordos possuem lugar de fala, já que sofrem muito mais que pessoas magras! Se você é branco, por favor, não chame o negro de negro, porque é racista. Mesmo que essa seja a cor de pele da pessoa... Enfim, não vou me prolongar quanto a isso, pois sou gorda e branca, logo é melhor não falar sobre negros, pois talvez eu não tenha direito. O que eu acho de tudo isso? Que desde que a palavra - no caso, o adjetivo - seja utilizado com o real significado da palavra e não num tom pejorativo, não vejo problemas em dizer que alguém é gordo, magro, preto, branco, amarelo, etc. Se não houver conotação maldosa, se não for utilizado na intenção de ofender, rebaixar ou desmerecer o próximo. Que mal tem? Mas enfim... Eu não comecei esse post para dizer minha opinião, pois como costumam dizer: ninguém me perguntou nada. Eu estou escrevendo este post apenas para explicar os motivos de eu ter sumido por esses dias. Eu estou triste e decepcionada comigo mesma. Eu estou estressada com as coisas que vejo por aí e com as pessoas discutindo sobre quem tem mais direito de opinar. Com quem tem mais direito de se sentir desprezado ou não. Com quem tem direito de reclamar... Isso serve para a política também. Estou cansada. Estou cansada dessa coisa de "ditadura", "comunismo", "direita", "esquerda"... As pessoas começam opinando, mas de repente estão discutindo entre si para ver quem está certo ou errado. E no final ninguém está certo. Todo extremismo, todo fanatismo, toda forma de doutrinação, pregação e afins... Tudo isso para mim, repito, PARA MIM, é uma perda de tempo. As pessoas pregam que é necessário "desconstruir padrões" e "abrir a mente", mas se esquecem que no meio dessa pregação toda, elas se perdem e acabam criando novos padrões e fechando a própria mente para enxergar apenas seu próprio discurso do que é "quebrar padrões". Elas se fecham numa nova bolha, onde acreditam piamente que não existe padrões, mas... O padrão sempre vai estar lá, seja ele qual for. Seja o padrão da "mulher gorda/magra empoderada", seja o padrão do "libertário que não julga (quase) ninguém", o padrão do "lacrador de direita/esquerda", padrão do... Enfim. Ele sempre estará lá, não importa qual for. As pessoas deveriam parar de discutir e tentar trabalhar individualmente em se tornar alguém melhor. Apenas isso já iria ajudar a caminharmos para um futuro com mais compreensão, esperança no próximo, companheirismo, empatia, compaixão... Mas ninguém parece querer isso. No fim, parece que apenas querem provar para o outro de que sua opinião é a correta e pronto. A opinião do próximo, se for contrária da sua, está errada e deveria ser abolida da face da Terra. O problema não está em ter opiniões contrárias, pois ninguém é igual a ninguém e assim sendo, ninguém é obrigado a pensar como o outro. O problema está no extremismo, no fanatismo, ambos arraigados nos discursos dessas pessoas descontroladas e autoritárias...

          Eu estou cansada das pessoas. Estou cansada de viver nesse mundo. Não. Eu não vou me matar e nem nada do tipo. Mas ando triste e cansada, sim. Sem muita perspectiva e esperança de ver um futuro melhor para nossa humanidade. Escolho as palavras "para nossa humanidade" e não "para o Brasil", porque coisa ruim não tem apenas aqui. Injustiça não acontece apenas no Brasil. Pessoas ditadoras não é exclusividade do nosso país. O mundo inteiro está assim. No máximo, o que muda é o grau na escala de cada país sobre tais coisas, mas que elas existem em todos os lugares é um fato, basta apenas pesquisar sobre: lendo jornais gringos, assistindo documentários, conversando com pessoas que moram fora. A merda está espalhada por todo o mundo. E concordo que nós brasileiros precisamos nos preocupar com os problemas do nosso país, mas apenas não concordo com a ideia de que "é apenas no Brasil que tal coisa acontece". Quando você tiver morado em todos os países do mundo por pelo menos alguns anos, aí sim talvez possa tirar sua conclusão sobre se certas coisas só acontecem aqui ou não. Antes disso, apenas se preocupe que aqui acontece, independente de outros lugares. Se preocupe com o SEU país.

          Eu fico por aqui. Sem muito mais saco para tentar me expressar. Eu pretendo retornar agora apenas em junho. Mas já está logo aí, então... Espero estar menos revoltada com o mundo no próximo post e mais focada em mim, como sempre fui. Vou me esforçar para voltar com boas notícias, nem que seja uma dieta nova ou a tentativa de alguma já feita antes. Eu espero que vocês estejam bem. E mais uma vez, peço perdão caso tenha ofendido alguém em alguma parte desse post longo. Não foi a intenção... Amo vocês. ♥











8 comentários:

  1. Preciso te agradecer pelas palavras no meu blog, você é uma pessoa incrível demais, está na minha lista de "como eu adoraria conhecer". Muito obrigada por existir Roxy, também não imagino o blog sem você.
    A compulsão é meu inferno, não tenho conseguido deixar para trás. E é exatamente como você disse, não há controle e não há limites, muitas vezes você sabe exatamente o que está fazendo, mas não consegue se parar. A sua descrição passou como um filme diante dos meus olhos, a parte do dinheiro, meu Deus, é isso mesmo, como poderíamos economizar sem as compulsões...
    Sobre a situação do país, é verdade, temos sofrido uma onda conservadora e opressora em diversos países do mundo. É quase que como uma "moda política", é triste. Isso aqui nunca foi perfeito mas está bem pior, e como você disse, não é só aqui. Acho que o que faz as coisas parecem tão ruins para o Brasil é o fato de que temos grande parte da população vivendo na miséria, então para algumas pessoas é ainda mais difícil do que para nós.
    Querida Roxy espero que as coisas melhorem e que nos livremos dessas compulsões terríveis. Pense no vazio e na leveza, você é uma fada minha menina. Com ossos brilhantes.
    Amo ler seu blog, amo posts longos, amo que não tenha papas na língua porque se ficarmos nos contendo no único lugar que é realmente nosso, qual seria o sentido do desabafo?
    Te espero ❤

    ResponderExcluir
  2. Ai, que preguiça de viver!
    As pessoas são desrespeitosas, não é mais possível trocar uma ideia de forma saudável. Tudo é motivo de xingamento, vulgaridade e infantilidade. Estou farta das criaturas ordinárias, baixas, estúpidas e mal educadas.
    Eu quero é sossego! Meus livros, meu sono, meus gatos e até minha cadelinha são melhores que muita gente!
    Cheguei numa fase que não faço questão de agradar ninguém, não preciso provar nada, nem sequer gasto meu latim, sabe?

    A confusão começa no discurso de autoaceitação quando querem impor padrões aos outros.
    Quem é gordo e está satisfeito, seja feliz. Quem está magro e está satisfeito, seja feliz também.
    O errado é querer impedir ou criticar a mudança de alguém que não está satisfeito com o corpo que tem.
    Se cada um cuidar da própria vida todo mundo sai ganhando.

    Joguei a toalha. Não vejo nenhuma perspectiva de melhora em nenhum aspecto neste país.
    Quem tem dinheiro por aqui faz o que bem entender, a corrupção está arraigada nas bases. Infelizmente 99% dos funcionários públicos (incluindo políticos) ou privados têm um preço. Sofrimento e injustiça é a sina dos menos favorecidos financeiramente. É triste, mas é a realidade.

    Algumas coisas neste mundo são absolutamente revoltantes.
    Ainda existe mutilação genital feminina extrema (com navalha de barbear e sem anestesia) em vários países, por exemplo.
    O casamento infantil, principalmente entre muçulmanos, onde muitas meninas morrem após serem laceradas por seus maridos pedófilos, é permitido em vários países. Nojo.
    A cada 1 minuto 5 crianças morrem de fome no mundo.
    Aqui as mulheres são surradas por homens até a morte todos os dias.
    E por aí vai..

    Infelizmente o meu dinheiro gasto com comida só se transforma em gordura acumulada nos lugares mais bizarros.
    Quando faço jejuns o objetivo é emagrecer, e a consequência é economizar.
    A cada jejum fico mais magra e menos pobre!

    Compulsão é horrível, aaaahhhhh eu sei!
    Atualmente consigo pensar qual é o fator emocional por trás do exagero. Daí tento resolver meus conflitos internos antes de perder completamente o controle.
    Ansiedade é minha fraqueza, meu gatilho. Fico ansiosa e vou limpar alguma coisa pra me distrair. Semana passada levantei 4 da manhã e troquei o assalto da geladeira por uma pilha de pratos.

    Perdoe-me, moça.
    Escrevi demais :(

    ResponderExcluir
  3. Você descreveu exatamente o que acontece comigo durante uma compulsão :(
    Mesmo eu sabendo que isso vai me fazer muito mal eu como,em penso no frango que posso fritar e comer sozinha pq afinal sou eu mesma que compro,discuto com meu lado sensato mas ele sempre perde,exatamente como o seu :(

    Sabe,eu realmente duvido que tais mulheres tenham mesmo aprendido a gostar de seus corpos,digo isso pq eu,mulher gorda não consigo ver beleza nesse corpo em que habito,acho todo esse discurso forçado e falso...anyway
    Torcendo para que tenhas recuperado o seu auto controle dai,pq daqui continuo tentando.

    ResponderExcluir
  4. interessante o que você diz sobre extremismo, mas antes de falar sobre isso, deixe te agradecer por ser sempre tão amável comigo, obrigada de verdade, seus comentários são u,a injeção de ânimo para mim, Roxy querida!
    agora, voltando ao extremismo; bom, convivo com uma pessoa um tanto fanática por um certo político, e a outra, antes era apenas fanática religiosa, mas quando seu querido pastor resolveu demonstrar suas opiniões políticas no horário do culto que deveria ser feito a deus, ela passou também a venerar o tal político, e é impossível manter uma conversa saudável expressando seu ponto vista para ela, sem que a dita cuja te mande para o inferno umas três ou quatro vezes, dizendo inclusive que; "você está dizendo essas coisas porque está possuído pelo demônio"
    enfim...
    concordo plenamente com sua opinião sobre isso, Roxy.

    e a despeito da compulsão alimentar, costumo ter crises quando fico ansiosa, e também quando estou extremamente com medo de ganhar peso, irônico. antigamente costumava ter muitas "dicas" para burlar isso, agora apenas tento não pensar no fato de não conseguir pensar em nada para me livrar da banha.

    Roxy, você é uma garota inteligente e sincera, gostei de ler seu post, de saber que não se esconde de suas opiniões, e que tem maturidade para lidar com isso. Espero que fique bem!

    ResponderExcluir
  5. Oie, obrigada por ter passado no meu blog e pelas palavras, gratidão mesmo, cara eu também estou cansada das pessoas, mas isso não quer dizer que eu vá me matar, eu só não estou afim de socializar, de conviver, de ter que rir pra fazer sala, de ter que olhar para a cara, a compulsão alimentar tá FODA! tá difícil, tento e policiar mas quando vejo to comendo tudo que vejo pela frente, fiquem bem!

    ResponderExcluir
  6. São muitos anos acompanhando sua história. Tudo o que você falou faz muito sentido e eu gostaria muito de que as pessoas lessem na íntegra porque VÃO COM CERTEZA SE ENCONTRAR NA POSTAGEM. Cada uma de nós que nunca fez o mesmo que atire a primeira pedra. Em 2001 quando eu estava ainda morando no Brasil uma temporada, eu me lembro de receber o pagamento, pagar as contas e depois ir ao supermercado e por no carrinho tudo o que eu queria. Me encontrei na sua postagem quando você lista o que comprou e fala na premeditacão, muitas vezes as pessoas acham que compulsão comeca quando enfiamos a comida goela abaixo. Mas, não, ela comeca quando o pensamento compulsivo baixa e te faz correr e comprar algo para comer. Naquele momento estamos já atuando sob o domínio da compulsão. Eu já passei e passo as vezes por tudo isto que você relatou. Saber que não estou sozinha me conforta muito e o que você está fazendo pelas pessoas que lêem o seu blog é louvável. A sua honestidade mostra o seu bom caráter e o quanto você tem vontade de se modificar. Quando a gente se dá conta do problema, está dando o primeiro passo para resolvê-lo.

    ResponderExcluir
  7. Cada dia está mais difícil ser uma pessoa e conviver com as pessoas. O mundo está caótico.
    Beijos, Queen B.

    ResponderExcluir
  8. Caraca me identifico super cntg http://fadasensataweb.wordpress.com

    ResponderExcluir

Post clichê sobre a virada de ano. Que venha 2024.

           Resumidamente:  — Fecho o ano com 71,700 kg. Faltou pouco para sair da casa dos 70 kg. Mas, tenho o próximo ano todo para isso......